O tempo era outro. O dia tinha acordado de maneira diferente. Tinha acordado ao contrário. Ela deitou-se, lavou os dentes, jantou. Depois saiu. A paragem não tinha gente, o autocarro chegou, ela sentou-se no lugar comum e entrou. Percorreu a distância habitual. O escritório também estava vazio. Ela começou a escrever à máquina, no timbre ritmado de todos os dias, pôs os óculos e sentou-se. Depois saiu. Lá fora espera o autocarro. Dois minutos. Três minutos.
Chega finalmente a casa. Entra, toma banho e levanta-se. É dia.
A manhã está cinzenta, embora se anuncie um dia quente. Ela olha para o relógio da cozinha que marca sete horas. Também o seu relógio de pulso e o do quarto e o da sala. Todo o tempo parado nas sete horas. Sem perceber o intuito do tempo, atrasa os ponteiros de todos os relógios até ser noite. Então, despe a roupa devagar, lava os dentes, escorrega na cama e deixa-se adormecer. Amanhã o tempo irá acertar-se de novo com a vida