Sempre que vou me referir a pessoas que passam pela minha vida e se vão, tão rápido quando apareceram, chamo-as de folhas. Uma alusão a um texto bem circulado na net que explica que os amigos são como folhas na árvore de nossas vidas, fala das estações do ano e blá, blá, blá… Tenho até um grupo de contatos no MSN com esse nome. Estava almoçando hoje em um botequinho aqui na Vila, sozinha como sempre, depois aquele cigarro com a perna pra cima da cadeira e observando a paisagem. Pela minha cabeça só passava “aiai, poderia ser um marzão na minha frente, vou largar tudo isso e abrir uma barraquinha de suco na praia!” Uma moça pede para acender o cigarro e resolvo dividir meus pensamentos com ela. Um cigarro, vento fresco e um papo, só falta mesmo o mar… mais uma folha na minha vida que nem vou me lembrar se ver novamente e nem ela vai se lembrar daquela mocinha ruiva cheia de idéias de liberdade na cabeça.
Costumo brincar (mas é sério) que sempre quis ser jornalista, até entrar na faculdade de jornalismo. A sociedade taxa mal as pessoas. “Mas você tem faculdade e quer vender suco na beira da praia?” a folha me perguntou. Poizé, além de jornalista ganhar mal, nada compra a minha paz… Respirar o cheiro do mar, tomar suco com bastante gelo e sem açúcar, brisa, várias folhas passando pelo meu quiosque, um bom papo, um bom papo em outro idioma, uma cantada aqui e ali, por do sol na linha do horizonte, fim de expediente, o dinheiro superior ao da profissão de jornalismo no final e pagamento diário… Qualquer prazer me diverte!