É engraçado... Deus escreve certo pelas famosas linhas tortas. O problema é que estamos acostumados com retas que, aos nossos olhos, são mais suaves e fáceis de assimilar. Quando começa a dar volta daqui, rococó dali, pronto, ta feita a confusão e, com isso, tudo aquilo que Papai do Céu tenta nos dizer parece uma coisa meio que falar grego com troiano ou esperanto com aborígenes na Austrália.
Meu sonho sempre foi ser jornalista. Estar nos lugares onde as coisas acontecem e escrever sobre elas, quem sabe, até, noticiá-las, diretamente, de algum carro de emissora transmitindo ao vivo e à cores. E eu não me formei em Jornalismo, andei pelos lados obtusos e sinuosos dos números, convivi com o direito minha vida toda e lá se foi um desejo que mais me pareceu um sonho não concretizado.
Ano passado o ramo do petróleo, em ampla expansão, resolveu que eu não mais faria parte do mundo dos petrodólares. E eu me vi na rua, sem eira e nem beira, perguntando pra Deus quando Ele traçaria uma reta pra eu, pelo menos, levantar e prosseguir? Ficar andando em torno do rabo ou do umbigo nessas “linhas tortas” é complicado, ainda mais depois de um tombo! Mas, a vida seguiu, eu me reergui e fui à luta como pude.
Finalmente, uma oferta de emprego surge e, o mais interessante, numa revista. Para escrever ou qualquer atividade que usasse a minha criatividade. Eu, finalmente, teria a chance de respirar e conhecer as entranhas de uma redação. Olha Deus colocando uma régua onde, antes, só existia compassos e transferidores!!!!
Me surpreendi nesse ramol. Aqui nada se cria, tudo se copia ou se refaz. Aquelas fontes secretas que víamos em filme e que entregavam os nomes famosos e furos de reportagem, aqui se chama Internet ou Google. Não se levanta a bunda da cadeira para fazer uma reportagem, exceto, se for festa para coluna social... E aí eu me pergunto se eu que tinha uma idéia hollywoodiana de jornalismo ou se, de fato, mas não de direito, aquela revistinha é o jornalismo da era moderna? Se for assim, eu posso ser jornalista sem diploma e escrever o que me vier nas idéias. Basta acessar a Internet, montar umas fotos e dizer que eu sou assim, ó, com o meu site pessoal.
Que decepção! É, olha as linhas tortas aí de novo...